O jardim secreto – Frances Hodgson Burnett

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Todos temos jardins

Mary, Dickon e Colin são três crianças que vivem dentro de si mesmas, sem contato autêntico com o outro e com o mundo.

Mary vive na Índia, isolada dos pais, que nunca quiseram ter filhos, e distante dos empregados da casa, que a serviam, mas não davam a ela nenhum afeto. Para preencher a solidão, ela brinca de fingir plantar jardins.

Os pais morrem vítima de um surto de cólera e Mary, depois de dias abandonada em seu quarto, é encontrada por dois oficiais e, por fim, mandada para a casa de um tio, Senhor Craven, que vivia na Inglaterra. Uma casa com muitos jardins, nos quais ela passava horas.

No entanto, ela recebe a notícia de que ali há um jardim secreto, fechado havia dez anos por ordem do seu tio, depois da morte da esposa. Ela passa a se esforçar para encontrar sua chave e a porta e o consegue com a ajuda misteriosa de um pássaro.

O jardim, no entanto, não está cuidado. Ela percebe que precisará de ajuda e, para isso, compartilha seu segredo com Dickon, irmão de uma das empregadas da casa, um menino que sabia a falar a língua das plantas e a dos animais, tão integrado à natureza que parecia em nada ser diferente dela. Juntos, eles tomam uma decisão: não deixar o jardim parecendo um jardim de jardineiro, arrumadinho e podadinho, mas livre, com tudo crescendo à vontade.

Por fim, temos Colin, filho do tio de Mary, que assim como ela havia sido, também era abandonado aos cuidados dos empregados. A morte da esposa tornara insuportável para o senhor Craven conviver com Colin, que tinha os olhos da mãe.

“Enquanto alguém tem um jardim há futuro e, enquanto alguém tem um futuro está vivo”.

Mary escuta seu choro durante a noite até que o encontra. Ele tinha ataques de nervos e andava em uma cadeira de rodas.  Ao saber do jardim secreto, esse lugar mágico, ele tem a esperança de que seria curado e, finalmente, amado pelo pai.

A ida de Colin exige estratégia, pois sua locomoção era difícil. Mas, uma vez lá, se inicia um processo de florescimento, do jardim, é claro, mas também das crianças, da casa e de todos os que moravam nela. Ao cultivarem o jardim, as crianças começaram a cultivar a si mesmas e, depois, os laços de afeto entre elas. Todas elas descobrem a si mesmas nesse contato, nesse diálogo, nessa abertura. Mary e Colin, principalmente, começam a gostar de si mesmos e a se interessar pelo mundo e pelos outros.

Talvez o que podemos aprender é que precisamos cultivar nosso mundo interior, assim como quem cultiva um jardim, com dedicação e paciência, mas também respeitando a liberdade de crescer para todos os lados. Esse jardim pode ficar secreto para o mundo por um tempo, mas é importante um dia a gente permita uma visita, pois é no contato com o outro que tudo o que plantamos ganha novos sentidos.

Para meu amigo Victor Rodrigues, que nunca deixe de sonhar jardins.

Wigvan Pereira
Wigvan Pereira

Para citar este texto:
PEREIRA, Wigvan. Título do texto. LitteræVia, Goiânia, dia, mês e ano. Disponível em: [url]. Acesso em: dia, mês e ano.

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