As notações do Azul, de Ubiratan Carvalho Costa

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Vários tons de azul

É muito difícil falar sobre poesia, só não é tão difícil quanto escrevê-la.

É difícil achar as palavras certas, é difícil não ser prolixo, é difícil não se defender em teorias, em raciocínios.

Mas aceitei esse desafio para fazer um gesto de carinho ao Ubiratan Costa, autor de As notações do Azul.

Primeiro, quero destacar o quanto o livro é bonito, permeado por obras de arte de Filomena Gouvea que, dentro dessa composição, formam uma poesia ao mesmo tempo complementar à palavra e algo à parte, que nos lembra de quem tudo cabe na escrita.

Segundo, ressaltar essa arqueologia que o Ubiratan faz, uma busca de novos sentidos para palavras já muito gastas, uma busca por palavras que não são muito usadas, uma busca por um sentido original, ao combinar sonoridades e texturas um pouco improváveis, que arranca esse véu do hábito que nos faz perder o encanto pelas palavras, de tanto usá-las.

Ele compõe uma nova origem para a palavra “azul”, aqui associada ao desejo. Não o vermelho. E é este o primeiro espanto: por quê o azul? Por que o azul para falar de corpo? Sem a primeira leitura óbvia de associar essa cor à morte, à melancolia, ao soturno, enfim, o que nós encontramos é um desejo de outra ordem, da ordem do milagre, da ordem do metafísico, do além do tempo e por isso precisa ser registrado em uma cor mais sutil, mas uma cor que ainda seja capaz de nos causar grande impacto.

Não vou pormenorizar demais as minhas impressões para não furtar dos futuros leitores a possibilidade de encanto, então gostaria de terminar esse depoimento ressaltando também o trabalho poético que o Ubiratan faz nas redes e que eu acho de uma generosidade incrível: primeiro, ele dá corpo à poesia escrita, empresta seu rosto, empresta sua voz e eu acho isso lindo porque é uma nova criação, é uma poesia que se encarna. Segundo, ele também faz um trabalho de abrir as portas da sua oficina, mostra como ele alcança algumas imagens, mostra o segredo do seu fazer poético, abrindo mão da vaidade do artista de ser apenas admirado e se dispondo a contribuir para seu próprio deciframento. É bastante generoso e é bastante corajoso, também, se colocar a nu dessa forma, de expor a própria poesia dessa forma, em seus esqueletos, em suas nervuras.

Então, termino deixando um grande abraço ao Ubiratan, com admiração sincera pela sua arte e espero que mais pessoas o conheçam e possam mergulhar em todos os seus azuis – e vermelhos também, é claro.

SOBRE O AUTOR:
Ubiratan Costa é poeta e compositor natural de Goiânia – GO. É formado em Composição pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e graduando em Letras pela mesma universidade. Integra o grupo Música Íntima, fundado em 2017, e que reúne jovens compositores residentes em Goiânia, junto aos quais lançou o álbum Jackhes, meus amores (2019) e o EP Reverdecente (2020), disponíveis nas plataformas de streaming de música.

PONTOS DE VENDA DO LIVRO:
@livrarialeodegaria
@palavrearlivraria

ou via direct em @ubiratancarvalhocosta

Valor: 40 reais

Wigvan Pereira
Wigvan Pereira

Para citar este texto:
PEREIRA, Wigvan. Título do texto. LitteræVia, Goiânia, dia, mês e ano. Disponível em: [url]. Acesso em: dia, mês e ano.

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